quinta-feira, 5 de junho de 2008

BLINDADO

Cláudia Ferrari

palavras de arame farpado
cercam o impossível poema
marco x na lágrima de crocodilo
sou um intermediário.

pulo abismal do vício
e a palavra agora é pulso
a palavra é partida
a palavra é undida
a palavra é fudida.

uso e abuso
da palavra
sem tocá-la
sem vê-la
por puro prazer
de menosprezá-la
e se eu marco mais um x
a palavra é mortalha
a palavra é cicatriz.

sou a palavra do jornal
a palavra do porão
a palavra palavrão
sou o vilão
o filão
o desclassificado.

e nos encontramos
eu e a palavra
e pactuamos o poema fatal
o poema letal
o poema veneno.

e agora somos
eu e a palavra
a palavra dita
a palavra maldita
um caco de vidro
no subúrbio do poema.

Um comentário:

Dalton Luiz Gandin disse...

Belo poema. Parabéns!
Beijos,poeta.