Cláudia Ferrari
palavras de arame farpado
cercam o impossível poema
marco x na lágrima de crocodilo
sou um intermediário.
pulo abismal do vício
e a palavra agora é pulso
a palavra é partida
a palavra é undida
a palavra é fudida.
uso e abuso
da palavra
sem tocá-la
sem vê-la
por puro prazer
de menosprezá-la
e se eu marco mais um x
a palavra é mortalha
a palavra é cicatriz.
sou a palavra do jornal
a palavra do porão
a palavra palavrão
sou o vilão
o filão
o desclassificado.
e nos encontramos
eu e a palavra
e pactuamos o poema fatal
o poema letal
o poema veneno.
e agora somos
eu e a palavra
a palavra dita
a palavra maldita
um caco de vidro
no subúrbio do poema.
Um comentário:
Belo poema. Parabéns!
Beijos,poeta.
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